O vitrinismo é uma das estratégias mais conhecidas do visual merchandising, e utiliza técnicas de decoração para atrair mais clientes à sua loja, estimulando as chances de compra por impulso e aumentando a sua margem de lucros.

Existe um ditado que diz que a gente não deve se vestir para o emprego que temos e sim para o emprego que queremos ter. Essa máxima também pode valer para o varejo quando o assunto é vitrinismo. A técnica, além de atrair o público, ainda pode ajudar o lojista a selecionar e segmentar o seu consumidor. É claro que esta não é a única vantagem da especialidade, que quando bem executada, ajuda a reforçar a identidade visual de sua marca, atingindo clientes e futuros compradores e impactando diretamente nos seus lucros mensais.

O vitrinismo busca despertar a intenção de compra do cliente por meio de estímulos visuais, como iluminação, decoração e disposição dos produtos na vitrine. Existem, claro, diversas outras formas de despertar essa vontade no consumidor através dos sentidos.  A área que estuda e aplica essas técnicas é o visual merchandising, que vamos explicar a seguir.

O que é visual merchandising

Como já dissemos, o visual merchandising busca influenciar a percepção do cliente durante a experiência de compra, através dos sentidos. Apesar do nome, a técnica não se limita somente a induzir pela visão, mas também pode utilizar cheiros, texturas e mesmo gostos para transformar a experiência de negociação e compra do cliente em um momento único e incomparável.

As técnicas são variadas e vão desde a decoração da loja ao perfume que os visitantes vão sentir ao entrar no local. Tudo deve ser escolhido minuciosamente de modo a reforçar a imagem da marca, que deve combinar com a que já é apresentada por ela em seu site e em suas propagandas.

O visual merchandising trabalha todos os aspectos de uma marca para que ela tenha uma identidade própria, que seja reconhecida e admirada por todos atuais e futuros clientes.

O principal foco de atuação da ferramenta é o ponto de venda, uma vez que é lá que o cliente terá o primeiro contato com o produto, se não houver pesquisado sobre ele online. E já no momento em que entrar na loja ele deve ser capaz de notar o diferencial que a loja tem, o que o fará comprar ali e não no negócio concorrente.

Além da fachada e da vitrine da loja que, se bem organizados e planejados, já cumpriram o seu papel de atrair o cliente, a entrada da loja já deve oferecer a ele uma prévia do que ele vai ver lá dentro. Ou seja, o consumidor deve ver algo que já lhe interesse de imediato, para que ele siga para as demais seções do ambiente.

E lá o encanto sensorial deve continuar, com uma boa disposição dos produtos nas prateleiras, um som ambiente adequado ao tipo de público consumidor do lugar, iluminação que dê destaque aos produtos, etc… A lista de técnicas é quase infinita e depende da criatividade do dono da loja, ou do profissional de visual marketing contratado por ele. O vitrinismo é só uma destas técnicas, mas tem um papel importantíssimo, uma vez que muitas vezes é a vitrine a responsável por atrair o cliente para a loja.

O que é vitrinismo

Apesar de os conceitos de visual marketing terem surgido somente neste século, algumas de suas técnicas são bem antigas. É o caso do vitrinismo, que tem rastros históricos lá de antes de Cristo. É claro que focaremos nas ferramentas atuais, mas vale saber que o vitrinismo já era importante mesmo quando ainda não existia moeda e as negociações humanas eram na base da troca.

Isso porque, não importa o que se venda ou a forma que está sendo vendido: o produto tem que ser anunciado. E se ainda não havia propaganda nem televisão, uma plaquinha de madeira, com um desenho entalhado do produto servia.

O conceito – que é mostrar o produto – se mantém o mesmo. O que mudou foi a nossa forma de mostrar ele. Uma vitrine bem planejada, hoje em dia, é capaz de chamar a atenção até mesmo de uma pessoa que não está interessada em comprar.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra uma vitrine ocupada por somente um manequim

A iluminação e a decoração da vitrine têm grande responsabilidade por isso, já que são elas que encantam o potencial comprador à primeira vista.

É por ter este papel tão importante que o vitrinismo está sendo cada vez mais valorizado pelo mercado. Anos atrás quem se interessasse pela área deveria ir para fora do país para estudar, mas o mercado brasileiro parece estar se adaptando agora a uma realidade antiga da vida e do varejo: o que não é visto não é lembrado.

Porque aplicar o vitrinismo na sua loja

Universidades conceituadas e mesmo o Sebrae já estão oferecendo cursos e especializações em vitrinismo e visual marketing e os profissionais que trabalham para as grandes marcas no país se dão ao luxo de receber salários que ultrapassam os R$ 200.000 mensais. Isso não quer dizer, é claro, que você mesmo não possa aplicar os conceitos do vitrinismo aí na sua loja.

Antes de começar, dê uma olhada na sua vitrine. Ela reflete os valores da sua loja? Ela chama a atenção do seu público alvo?

Existem muitas outras perguntas que você deve se fazer, mas é bem fácil responder à principal delas: a sua vitrine está atraindo clientes para a sua loja?

A resposta para essa questão é fácil de conseguir. Diferente dos anúncios na televisão, rádio, ou qualquer outro meio da grande mídia, os resultados de uma vitrine bem feita podem ser notados imediatamente. Se ela está bem planejada, no momento em que você expõe ela, o número de clientes interessados nos seus produtos começa a aumentar. É instantâneo.

Antes de achar que esta é uma área que não vale a pena investir, lembre-se que a vitrine é responsável por quase 70% das vendas das lojas que investem nela. Resumindo: você pode considerar a vitrine o seu melhor funcionário e deve investir nela como tal.

Como usar o vitrinismo na sua loja

Costumamos considerar vitrine apenas aquele espaço a frente da loja e esquecemos que lugares vagos dentro do ambiente podem fazer o mesmo papel. Aquela parede vazia, com a pintura e iluminação corretas pode ser o expositor ideal, que dará destaque que o produto escolhido não teria se permanecesse dobrado em uma estante ou pendurado em um cabide.

Ideias de vitrinismo: Imagem mostra um manequim sentado no chão

Essas oportunidades, que geralmente não estamos habituados a ver, podem ser muitas e podem significar estoque e dinheiro parado. Isso acontece por que não estamos acostumados a observar os espaços como um vitrinista observa. Para te ajudar a ver as coisas com esse olhar mais clínico e criativo, vamos listar aqui algumas dicas de como decorar a sua vitrine, baseados nos conceitos do vitrinismo.

Planejamento

Na fase de planejamento você vai definir:

  • Qual o público que você quer atingir com a sua vitrine. Neste momento não podemos ser ecléticos, temos que mirar no nosso público-alvo.
  • Qual o orçamento destinado à decoração da vitrine.
  • Que produtos você quer expor. A dica é que você exponha itens que são de boa qualidade, têm bom visual, mas têm pouca saída.
  • De que maneira a decoração da vitrine interna vai combinar com o que é exposto no ambiente interno da loja.
  • Qual o tema da decoração da vitrine.
  • Fazer um esboço da sua vitrine e fazer a lista de materiais que você vai usar.

Iluminação

A sua vitrine deve estar bem iluminada, afinal no escuro ninguém consegue ver os detalhes e a qualidade do produto exposto, não é? Além de chamar a atenção, a iluminação também tem o objetivo de realçar e destacar determinados produtos, além de ter o poder de direcionar o olhar do consumidor para onde o lojista desejar.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra uma vitrine bem iluminada

Destaque

Por maior que seja a vitrine, sempre deve haver um único produto em destaque nela. Isso porque o olho humano está acostumado a hierarquizar as informações. Do mais importante para o menos importante, do maior para o menor, do mais caro para o mais barato, e assim por diante.

O item em destaque deve estar de acordo com o tema escolhido para a vitrine e pode até ser um produto mais caro. Já que o consumidor vai considerá-lo mais importante, grandes são as chances de ele não se importar de desembolsar um pouco a mais para tê-lo.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra um manequim em pose diferente

Espaço

Deixe espaço vazio entre os produtos expostos. O motivo está novamente na mente humana: a gente precisa de espaços entre uma informação e outra, senão tendemos a dar pouca importância para o conjunto todo.

A técnica também ajuda a prevenir a famosa poluição visual, que faz as pessoas terem a impressão de que sua loja é uma bagunça, já que o público associa o que vê na fachada com o que vai encontrar dentro do ambiente. Alguns especialistas dizem que pelo menos ⅓ da vitrine deve ficar vazia.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra uma vitrine com o tema inverno

Cores

Poucos levam em consideração a escolha das cores na hora de compor uma vitrine, talvez por não saberem a influência que elas podem ter sobre as nossas emoções. Se você quer passar uma sensação de vibração, força e energia para os clientes, pode escolher as cores quentes, como vermelho, amarelo e cor de laranja, por exemplo. Já as cores frias são conhecidas por passar a sensação de segurança e tranquilidade.

A escolha das cores deve ser feita com base no tema definido para a vitrine, mas a dica de muitos vitrinistas é que não se decore uma vitrine toda somente com uma cor ou só com subtons dela. Isso porque, como já vimos ali em cima, quando o consumidor vê um bloco de informações todo parecido, ele tem a tendência a não dar importância a ele.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra uma vitrine decorada com tons de roxo

Renovação

A vitrine não pode permanecer estática por muito tempo, pois pode passar para o cliente a ideia de que a loja recebe poucas ou nenhuma novidade. A ideia aqui é fazer algumas trocas ocasionais dos produtos expostos, mudar alguns de lugar, centralizar e dar foco a um novo item e assim por diante.

Lembre-se apenas de não fugir do tema que você escolheu para a vitrine e de tudo o que você definiu como importante lá na fase de planejamento.

Exemplo de vitrinismo. A imagem mostra manequins de loja que parecem estar correndo

Conjunto

Lembra que falamos que os espaços livres dentro da loja também podem ser considerados vitrines? Então. Uma boa ideia é utilizar estes espaços, que não costumam ser grandes, para expor um único produto, ou um único conjunto de peças que mereçam destaque e que provavelmente não seriam vendidos se fossem vistos separadamente.

O principal critério aqui – além de escolher bem as peças – é seguir nos expositores internos a mesma temática da vitrine externa.

Exemplo de vitrinismo. Imagem mostra um expositor de roupas interno

Bote o preço

No vitrinismo, sai na frente aquele que mais facilita a vida do cliente. Então, porque fazer com que ele entre na loja somente para saber o preço de um produto exposto na vitrine? Isso pode frustrá-lo e fazer ele desistir da compra se o valor da peça não corresponder às suas expectativas.

Quando estiver planejando a sua vitrine, já determine também a faixa de preço dos produtos que estarão nela, isso ajuda você a definir o público que entrará na sua loja, além de facilitar a vida daqueles que já costumam comprar nela.

Manequins

Se você for utilizar manequins, tente dar a eles poses menos rígidas, ou mesmo, opte por investir em manequins diferentes, com formas mais orgânicas e humanas. A lógica por trás disso é simples: a função do manequim é dar ao cliente a ideia de como ficará aquela peça de roupa no corpo dele.

O manequim facilita a visualização da peça e a idealização dela no imaginário do consumidor, aumentando a sensação de necessidade de comprar aquele item. Mas como o cliente vai se identificar com um boneco rígido e em poses que nenhum ser humano faria? Facilite a imaginação e a vida de seu público. Invista em manequins que agreguem valor à sua vitrine.

Exemplo de vitrinismo. A imagem mostra dois manequins dentro de uma loja

Não exponha os produtos no chão

Isso desvaloriza os produtos aos olhos do consumidor, afinal, geralmente o que está no chão tem pouco valor. Há outro fator psicológico por trás disso: o cliente precisa se imaginar usando o produto exposto na vitrine, e quando o produto está dobrado e posto no chão esta visualização fica quase impossível.

Além disso, não existe, no mundo, um lugar onde vemos roupas no chão, a não ser em uma vitrine mal planejada. Em casa guardamos as peças que estão limpas em armários e gavetas, as que estão sujas, colocamos em um cesto e assim por diante. Invista em formas de expor os produtos algum nível acima do chão, pois além de facilitar a visualização do item isso tende a valorizá-lo.

A imagem mostra um expositor de roupas interno

Vale conferir também, um vídeo preparado pela Nova Era Estratégia, falando sobre o assunto:

Partindo destas técnicas, cabe à sua criatividade inventar e inovar. Uma boa ideia é aproveitar o calendário com as datas comemorativas aqui do Brasil e mesmo algumas de fora do país. Natal, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados e até o dia dos namorados americano, o Saint Patrick’s day, podem trazer bons resultados e números se você souber se aproveitar deles.