A pandemia de coronavírus (Covid-19) não prejudica somente as grandes empresas, que atuam em comércio entre países. Ela afeta, principalmente o pequeno empresário, que trabalha com a venda ou o atendimento ao cliente final. Isso porque, empresas de grande porte possuem recursos financeiros em caixa para conseguir contornar esta crise global sem precisar demitir seus funcionários, apesar da baixa demanda causada pelo vírus.
Muitas vezes, um mês de vendas baixas para o pequeno empresário pode representar a falência, ou, pode exigir medidas extremas, como corte de pessoal, corte de salários ou redução da jornada de trabalho dos colaboradores com cortes proporcionais nos pagamentos.
Se em apenas um mês tudo isso pode acontecer, imagine o que pode acontecer em 6 meses sem vendas. Esse é o período que os especialistas estimam que vai durar a crise causada pelo coronavírus e é, também, o tempo previsto para a duração da quarentena que está afastando os consumidores das ruas.
Os efeitos disso no mercado de pequenas empresas já se faz sentir: em São Paulo, o Governador João Dória acaba de determinar que os shoppings centers da região metropolitana sejam fechados a partir da segunda-feira, dia 23. Os estabelecimentos só poderão abrir as portas novamente no dia 30 de abril.
Na capital do estado, os impactos da redução de pessoas na rua em função da pandemia também já se fez sentir: somente no último fim de semana as consultas para vendas à vista é a prazo nas lojas já caíram dois dígitos. O recuo foi de 16,7% em relação ao mesmo fim de semana do ano passado.
Os prejuízos já podem ser vistos, também, a nível nacional. De acordo com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, estima-se que nos próximos 40 dias, os bares e restaurantes do país demitam cerca de 3 milhões de pessoas. Ou seja, metade dos colaboradores que atuam nesta área que emprega 6 milhões de trabalhadores. Isso porque, o faturamento destas empresas caiu a quase zero nos últimos dias, tornando impossível que os faturamentos cubram as folhas de pagamento dos colaboradores.
Do macro ao micro: como o coronavírus afeta a economia do pequeno negócio
Antes de entender como a pandemia de coronavírus afeta o pequeno empresário muito além da queda de clientes nas ruas, precisamos abrir um campo de visão maior. Precisamos ver o macro. O principal macrocosmo, neste caso, é a China, país onde se originou o Covid-19:
China: o macrocosmo
A China é a maior economia de exportação do mundo. É, não só isso: ela é a maior parceira comercial do Brasil.
Somente no ano de 2017, o país somou US$ 2,41 trilhões em exportações para todos os cantos do mundo, incluindo o Brasil. Entre estes itens exportados, estão peças para computadores, celulares, tablets e vários outros aparelhos do tipo, além de diversos outros produtos que encontram clientes fiéis no varejo de todo o mundo.
A montagem do computador ou do celular que você está usando, com toda certeza tem alguma peça produzida e exportada pela China. Isso se o próprio aparelho não foi inteiramente produzido por eles.
Esta dependência do mercado Chinês é gigante, não é? Agora expanda isso para o mundo. Isso mesmo: o mundo inteiro tem este tipo de dependência do mercado Chinês. Foi isso, entre outras coisas, que tornou este mercado um dos mais poderosos do mundo.
Isso não representava perigo nenhum. Até o surgimento do Coronavírus.
Vírus, medo e produções interrompidas
Com o surto de coronavírus muitas fábricas fecharam suas portas. Pelo menos até que a situação se amenize, marcas gigantes, como Apple, Samsung e Motorola interromperam a fabricação de seus produtos em função da epidemia. Umas, porque não estavam mais recebendo as peças necessárias para essa produção. Outras, porque tinham instalações na própria China e, por questões de prevenção e proteção dos colaboradores, tiveram o bom senso de fechar as portas temporariamente.
Não tinha como ser diferente: a maior parte da produção dos aparelhos vendidos por estas empresas vêm da China. Para entender o tamanho do impacto, basta analisar o ranking dos produtos mais exportados pela China em 2019:
- 1º Equipamentos de transmissão ($231 Bilhões);
- 2º Unidades de Disco Digital ($146 Bilhões);
- 3º Peças de máquinas de escritório ($90,8 Bilhões);
- 4º Circuitos Integrados ($80,1 Bilhões) e
- 5º Telefones ($62 Bilhões).
Sem a China o mundo digital para.
Assustador, não é?
Um medo maior do que este, somente o medo que o mercado mundial sentiu ao ver a epidemia de coronavírus virar uma pandemia em poucos meses. E não foram só os números econômicos que causaram medo, mas, principalmente, os números de pessoas afetadas pelos sintomas da doença acarretada pelo vírus Covid-19. Somente na China, desde o início dos focos da epidemia, foram 3.245 vítimas fatais.
Número alarmante que, infelizmente, acaba de ser ultrapassado pela Itália, maior foco da doença longe da China.
Felizmente, a ação competente do país asiático e suas ações alcançaram um bom resultado: a China acaba de somar dois dias completos sem nenhum novo caso da doença.
Mas, e como tudo isso impacta o pequeno empresário? Vamos entender:
Pequenas empresas: o microcosmo
Você, como pequeno empresário já está sentindo os efeitos da pandemia de coronavírus, certo?
Embora seja para o bem de todos, os governos, tanto estaduais quanto municipais de todo o país estão tendo o bom senso de determinar que as pessoas fiquem em casa, de quarentena, para evitar a proliferação do vírus que já fez tantas vítimas.
Muitas empresas, visando o bem-estar de seus colaboradores e do próprio país, dispensaram seus funcionários sem prejuízos para eles ou, estabeleceram regime de home office, onde os trabalhadores exercem suas atividades em casa.
Nós mesmo, aqui do QuantoSobra, estamos atendendo nossos parceiros direto do conforto de nossas casas, como avisamos aqui.
Mas, e quando a empresa não tem dinheiro em caixa para uma emergência do tipo? Esse é o caso de muitas pequenas empresas. Como o microempresário vai continuar pagando salários integrais aos seus colaboradores se não há dinheiro entrando pela falta de clientes?
O Governo Federal já garantiu que os empresários podem diminuir as horas trabalhadas de seus colaboradores neste período de crise e, baixar os salários deles de acordo com estes períodos trabalhados. Apesar disso, sabemos que esta não é a melhor solução.
Na verdade, isso não é, sequer, uma sugestão de solução, uma vez que sabemos que nenhum trabalhador tem culpa do que está acontecendo e nem de ser obrigados a cumprir uma quarentena por tempo indeterminado. Sabemos, também, que todos trabalham por precisarem de seus salários integrais. Ainda mais os trabalhadores que necessitam desses salários para viver, por já terem seus orçamentos apertados, como é o caso da grande maioria dos colaboradores de pequenas empresas.
Além de muito ruim para o trabalhador, a alternativa se torna um problema para a própria economia do país, uma vez que pessoas sem dinheiro e sem renda para o básico não consomem. Não gastam fora de casa já que não podem se dar ao luxo de gastar com nada que não seja o básico.
Consegue ver o tamanho do problema? Ruim para todos não é?
Mercado parado de dois lados
Entretanto, a falta de pessoas nas ruas não é o único problema dos micro e pequenos empresários.
Ainda há um problema na compra de produtos para revenda.
Lembra que lá em cima a gente falou sobre a importância dos produtos da China na produção de mercadorias?
Então: não é só na produção de eletrônicos que há impacto.
Quando a China diminui suas exportações faltam vários outros tipos de produtos para serem vendidos nos outros países. O Brasil está incluído nesta lista.
Se faltam produtos, se a quantidade deles é escassa no mercado, todos sabemos que os preços deles sobem.
É uma questão básica de oferta e procura, não é?
Olhando para os dois lados: por um lado, o empresário não tem clientes, uma vez que as ruas estão vazias. Por outro lado, vai ficar mais caro comprar produtos para revenda, pelo menos durante esse período de crise.
Por isso, o momento de ação é agora. É durante este período preocupante que o empresários devem pensar em estratégias de curto e longo prazo para amenizar os impactos econômicos que a pandemia de Covid-19 traz com ela.
Também é o momento que nós, do QuantoSobra reafirmamos o nosso compromisso de estar do lado dos nossos parceiros, propondo ideias, trocando informações e propondo ações, individuais e coletivas, para que esta tempestade, quando passar – porque ela vai passar – deixe o mínimo de estragos na economia do nosso país e na economia das pequenas empresas, que geram empregos e mantém o mercado brasileiro funcionando.
Leia nossas ideias, complemente elas nos comentários, dê novas sugestões, traga as soluções que você próprio está aplicando em seu negócio e vamos todos dar as mãos para que o mercado e a economia do nosso país saiam mais fortalecidos de tudo isso.
Coronavírus: como o pequeno empresário pode enfrentar esta crise
Desde o surgimento da epidemia de Coronavírus, nós do QuantoSobra temos reunido nossas equipes e temos discutidos sobre alternativas que a gente pudesse trazer para os nossos parceiros e para todos os pequenos empresários para contornar os efeitos dessa crise.
É claro que estas sugestões não são a solução para o caso. Nem poderiam ser, uma vez que o mercado desacelerou e as pessoas não estão nas ruas para comprar.
Entretanto, são ideias que podem diminuir os estragos e evitar que o empresário fique sem renda para manter sua empresa de pé.
Vamos a elas:
Invista seu tempo em vendas online
Já sabemos que não há mais público nas ruas. Por isso, um dos únicos passos no momento é investir o tempo e os esforços em venda online.
E aqui eu não estou sugerindo a criação demorada de um site na internet. Estou falando do uso das redes sociais. Os perfis nas redes sociais são fáceis de criar e alcançam rapidamente um grande número de pessoas.
Provavelmente a sua empresa já tem pelo menos uma rede social. Este é o momento de movimentar ela a favor do seu negócio. Aproveite este espaço gratuito para postar promoções, descontos, vendas conjuntas, etc.
Toda a facilidade que você conseguir dar para o seu cliente, este é o momento de dar. A ideia é manter o dinheiro circulando e evitar mercadorias paradas. Invista o seu tempo em pensar como o seu cliente pensa e no que ele gostaria de investir o seu dinheiro nesse momento delicado. Aqui, você encontra várias ideia de como fazer isso.
Ainda não sabe como colocar isso em prática? A Rose Santos fez um vídeo muito bom explicando a melhor maneira de fazer:
Tenha um serviço de tele-entregas
A ordem é não sair nas ruas, não é? Então o seu cliente, mesmo que encomende seus produtos pelas redes sociais, não vai poder ir buscar a mercadoria na sua empresa. Por isso, você deve ter uma pessoa para fazer essas entregas na casa de seus clientes.
Não tem como investir nisso no momento? Faça você mesmo as entregas das mercadorias no final do expediente. Assim, além de manter seu caixa circulando, você ainda fideliza esses clientes. Ah, não esqueça de facilitar o pagamento com a maquininha de cartão de crédito e de se certificar que o seu colaborador esteja protegido, também, com tudo o que precisa para estar a salvo do vírus..
Estabeleça parcerias
Esta dica já está sendo aplicada em outros países que também foram atingidos pelo Coronavírus. O nosso colega aqui do QuantoSobra, Mauro, descobriu que aqui no Brasil isso já está acontecendo também: você estabelece parcerias com as outras empresas e lojas da sua cidade e criam um sistema de descontos.
Funciona da seguinte maneira: quando um cliente compra produtos em sua empresa ele pode levar a nota fiscal que você deu a ele a outra loja, parceira sua. Essa nota fiscal garante algum tipo de desconto a este cliente. Basta que você e o dono da empresa parceira estabeleçam antes, quais os produtos que vão ter desconto e o tamanho deste desconto.
Desta forma, além de atrair mais compradores, você garante a sobrevivência de seus parceiros empresários, também. Além de ajudar a economia local da sua cidade.
Crie um sistema de pontuação
Desenvolva, junto com seus colaboradores, um sistema de pontuação, que garante prêmios àqueles que comprarem determinados produtos. A pontuação pode acontecer por quantidade de produtos comprados, também.
A cada X valor em compras, o cliente garante o recebimento de um prêmio ou de um desconto nas próximas compras. Assim, você garante a fidelidade do cliente e ainda tem chances de que ele retorne à sua loja quando a pandemia acabar para resgatar seus descontos ou prêmios.
Ajude o próximo
Sabemos que, por certo você já faz o possível para ajudar o próximo. O mesmo acontece com o resto da população – principalmente em momentos de crise. Durante os momentos difíceis o sentimento de solidariedade aumenta e quem pode ajudar o outro faz o possível para ajudar.
Por isso, muitas pessoas vão virar suas clientes com prazer se souberem que você destina uma porcentagem do valor de suas vendas a instituições que estão ajudando as vítimas deste momento tão complicado que o país e o mundo atravessam. Hospitais, organizações sem fins lucrativos, enfim, todas as entidades que estão envolvidas no combate, pesquisa e tratamento de pessoas vítimas do Corona.
Venda para o amanhã
Fora do país, muitas empresas já têm feito isso para garantir a própria sobrevivência: vender hoje para receber o cliente amanhã. Se você tem um restaurante, mercado ou presta serviços, essa é uma boa ideia para você. Venda as reservas das suas mesas, venda produtos ou serviços, para que o consumidor receba quando a pandemia acabar. Muitas pessoas estão por dentro deste movimento e sabem que o momento pede isso. Por isso, não perca a chance de reservar serviços e produtos para que seus clientes paguem agora e recebam em breve.
Invista em gestão
Em uma situação como a atual, o controle de gastos e as demais gestões são obrigatórias para garantir a sobrevivência de uma empresa. Por isso, use e abuse dos materiais gratuitos aqui do blog do QuantoSobra. A gente tem de tudo, planilhas gratuitas para as mais diversas formas de gestão e controle, e-books, infográficos e muito mais. Tudo de graça.
Aqui, você encontra vários materiais educativos, aqui, você encontra várias planilhas prontas e aqui, várias outras. Assim, você pode gerir sua empresa sem gastar nenhum real e pode destinar os seus recursos para o bem da sua empresa e para novas estratégias frente ao momento complicado que estamos enfrentamos.
Boa sorte!
Enfim, como dissemos acima, estamos longe de poder esgotar esse assunto e, as dicas aqui não se propõem a ser a solução definitiva para esta crise. Apesar disso, a gente pede que você compartilhe as suas dicas com a gente, também, através dos comentários aqui abaixo. Assim, a gente acrescenta suas dicas aqui neste texto e a gente vai ajudando os outros empresários, numa cadeia infinita. O que você acha? Contamos com você!